Seppir visita terreiro invadido em Ceilândia e pede providências ao MPF
Na tarde desta sexta-feira (03) uma equipe da Secretaria Nacional de
Políticas de Promoção de Igualdade Racial (Seppir), do Ministério da Mulher, da
Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), visitou o Terreiro Ilê Axé Ode
Iboalama, localizado no assentamento Santarém em Ceilândia. O local foi
invadido por homens armados com foice e facão no Dia do Trabalhador.
Sobre as agressões, a secretária nacional de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial, Sandra Terena, encaminhou ofício para a Procuradoria-Geral de
Justiça do Ministério Público Federal (MPF) pedindo uma ação rápida pelos
poderes competentes. O objetivo é obter uma resposta a estes fatos para coibir
novos ataques semelhantes, visando prevenir um possível agravamento da
situação.
“É importante esse trabalho in loco e rápido da Seppir
principalmente em situações graves como essa. A orientação que recebemos da
ministra Damares Alves é dialogar com a comunidade onde ela está e trabalhar
para que seus direitos e integridade como cidadãos sejam garantidos”, disse
Sandra Terena.
Esta é a terceira vez que o local é atacado. Eles alegam que o motivo
dos ataques é intolerância religiosa. Em relatório de visita, a Seppir informou
que as pessoas estão assustadas e sem saber como se defender, temendo um novo
ataque.
“Havia sete crianças e uma mulher idosa no momento da invasão. Ficaram
todos muito assustados com o ocorrido e preocupados com novas invasões por
conta da impunidade”, afirma a coordenadora geral de Políticas para Povos e
Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Terreiros e para Povos Ciganos da
Seppir, Isabel Paredes.
Intolerância Religiosa
O relatório ainda expõe que o ataque contem indícios de intolerância
religiosa e revela a disputa pela posse do local onde o terreiro funciona
há seis anos. Segundo os relatos, no momento da invasão os homens disseram que
o espaço não era lugar de “macumbeiros”, que eles teriam que sair com “as
próprias pernas ou com as pernas dos outros”.
Dez pessoas moram no Terreiro Ilê Axé Ode Iboalama, sendo seis crianças
e adolescentes. Os agressores romperam a cerca do terreiro e fizeram ameaças,
que foram entendidos pelo pai de santo Willian Francisco como “ameaças de
morte”.
Os representantes da Seppir verificaram também que os moradores vivem em
condição precária, sem acesso à saneamento básico e à luz elétrica. Eles
relataram que precisam de doações de alimentos e recebem cestas básicas de uma
igreja. A equipe da Secretaria também esteve presente na 24° Delegacia de
Polícia, onde conversou com o delegado responsável pelo caso.
Mapeamento
A Seppir está mapeando as comunidades de matriz africana e povos de
terreiro do Distrito Federal para montar um plano de trabalho.
Disque 100
Durante a visita, a equipe orientou e solicitou que os moradores do
terreiro acionem o Disque 100 (Disque Direitos Humanos) no caso de novas
ocorrências. Oferecido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos (MMFDH), o serviço recebe denúncias de violações de direitos,
inclusive desaparecimentos e exploração sexual de crianças e adolescentes.
O canal de denúncias funciona diariamente 24 horas por dia, incluindo
sábados, domingos e feriados. O serviço gratuito também pode ser acionado por
meio do aplicativo Proteja Brasil.
A ferramenta pode ser considerada como “pronto-socorro” dos direitos
humanos, pois atende também graves situações de violações que acabaram de
ocorrer ou que ainda estão em curso, acionando os órgãos competentes,
possibilitando o flagrante.
Fonte: Comunicação Seppir
Seppir visita terreiro invadido em Ceilândia e pede providências ao MPF
Reviewed by Diário de Ceilândia
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segunda-feira, maio 06, 2019
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